segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

OS PRIMEIROS HABITANTES DO TERRITÓRIO DE VALENÇA.




Habitado por Índios Tupiniquis de índole pacífica, o território do município de Valença foi cenário de acontecimentos importantes do passado que demonstram a luta para colonizar essa terra. Este é um breve relato da longa história de Valença.

O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO.




Estamos em 1534, ano em que D. João III, rei de Portugal, dividiu o recém descoberto Brasil em Capitanias Hereditárias. Estas terras valencianas são incorporadas à Capitania de Ilhéus sob jurisdição da Vila de Nossa Senhora do Rosário de Cairú, local onde foi assentado o primeiro povoamento. Expulso pelos índiso Aimorés, de indole bravia, da parte próxima a Ilhéus, os donatários da Capitania, à frente Jorge Figueiredo Correia e seu tenente Ramiro, estabeleceram-se no arquipélago da atual Cairú, mas foi somente trÊs décadas depois, que a paz com os índios permitiu a colonização de todo o território litttorrral entre Guaibim e Camamu. Dentre os primeiros moradores de Valença, cabe destaque a figura do Senhor Sebastião de Pontes, homem rico e influente, o qual realizou muitos investimentos no local, a exemplo do engenho de cana de açúcar construído a duas léguas da embocadura do rio Una, próximo da primeira cachoeira, "grande e forte, muito bem fabricado de casas de vivenda e de purgar, e também uma formosa igreja da invocação de São Gens com três capelas de abóbadas". Estabeleceu ele um curral defronte da ilha de Tinharé, ficando o local conhecido como Ponta do Curral. Construiu também Outros moradores foram também estabelecer-se nas proximidades do engenho, com fazendas de cana. Havia ainda, uma aldeia de indígenas subordinados a Sebastião de Pontes.

O DECLÍNIO DO PROGRESSO




Mas o progresso da região, entretanto durou pouco tempo, devido à deportação do Sr. Sebastião de Pontes para Portugal, onde cumpriria pena na cadeia do limoeiro em decorrência de um letígio pessoal. O Sr. Sebastião Pontes teria torturado um mascate de quem havia tirado a mulher. Conta-se que o humilhado mascate teria tido a oportunidade de se comunicar com o rei e denunciado o fato, dessa forma, tomadas as devidas providências, um navio de guerra foi enviado para o Morro de São Paulo, com pretexto de concertar avarias. O seu comandante visitou Pontes, e o convidou a conhecer o Navio, sendo então preso quando almoçava e inteirado da verdade. Foi então metido a ferro e levado para Lisboa. Portugal, onde terminou seus dias. Após estes acontecimentos as terras perderam seus investimentos e foram invadidos pelos bravos índios Aimorés, originários e verdadeiros donos da terra.
Continuaram a haver povoamentos nas terras em torno da Capela de Nossa Senhora do Amparo, os quais deram origem a Valença. Porém, por sofrer ataque por parte dos Aimorés, a população migrou para as ilhas de Tinharé, Cairú e Boipeba. Protegido pela Coroa Portuguesa com a permanência de soldados no local, o outro lado do canal guarneceu a extração de madeira para a construção naval, e a área desmatada logo foi sendo ocupada para atividades agrícolas, notadamente o café, o arroz de Veneza e a mandioca, e assim o povo antes expulso retornava às proximidades da Capela.

O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO




A denominação “Valença” foi atribuída, segundo reza a tradição popular, por esses novos moradores, para os quais o localidade representava a solução para seus problema. Uma outra visão atribui o nome a uma homenagem feita pelo Conselheiro Baltazar da Silva Lisboa ao ministro Marquês de Valença, elevado o povoado a categoria de vila em 10 de junho de 1789, dando-lhe o título de nova Valença. Em 23 de janeiro de 1799 foi criada a Vila de Nova Valença do Santíssimo Coração de Jesus, desmembrada de Cairú.
O crescimento como porto estaleiro naval e a paz com os índios por meio da interferência de padres Capuchinhos e os bandeirantes, fez aumentar a ocupação da região desenvolvendo assim em pouco tempo a atividade agrícola para a exportação. Em anos à frente Valença se estabeleceu mais e mais com a construção de navios para Portugal. E em 1844 é inaugurada a Fábrica de tecidos Todos os Santos (primeira a funcionar no Brasil movida a energia hidráulica), com 300 operários, recebendo logo a denominação de “Cidade Industrial de Valença” através da Resolução nº 368, no período da visita de D. Pedro II, em 1849, para inaugurar uma outra fábrica têxtil, a Nossa Senhora do Amparo, posteriormente, Cia Valença Industrial e hoje Valença Têxtil.
A região de viveu os episódios da Invasão Holandesa na Bahia em 1624 e da Independência da Bahia quando abrigou a esquadra de Lord Cochrane, que viera combater os portugueses em 1823 tendo recebido o título de “A Decidida”, por sua participação ao lado de Cachoeira de Santo Amaro.

A HOSPITALEIRA




No período da Segunda Guerra Mundial, submarinos alemãs torpedearam nas costas de Valença os navios “Itagiba” e “Irará” cujos passageiros foram resgatados pelo barco “Arajipe” e os feridos levados ao Hospital de Sangue, criado com essa finalidade. Por esse gesto recebeu o nome de “A Hospitaleira”.

VALENÇA UM POTENCIAL EM DESENVOLVIMENTO.




E hoje com um potencial de crescimento em várias áreas, dentre elas a pesqueira, a agricultura, a construção naval, a indústria turística, por possuir uma exuberante beleza natural única, e com maior ênfase na contemporaneidade o comércio, que é responsável pelo abastecimento de toda a Costa de Dendê.

CICLO ECONÔMICO DA AGRICULTURA







O primeiro ciclo econômico foi justamente o do Pau Brasil, no inicio da colonização de Valença. Há referencias que se tentou impor a cultura da cana-de-açúcar que, ao que parece não se firmou. Várias foram as razões para o cultivo de cana-de-açúcar não prosperasse na região que hoje é Valença e adjacências e a composição do solo foi uma delas, alem disso tentou cultivar outras culturas na região por conta dos índios da nação tupi, foi inserida a cultura da mandioca que também servia de alimento aos escravos, além de ser comercializada. Tentou-se também o café, cacau, além de dendê, da piaçava e do coco da praia.
Porém registra-se uma importante atividade extrativa na época da colônia o manuseio da piaçava ou piaçaba, uma velha conhecida dos índios que, além de utilizarem a fibra e de comerem a sua amêndoa, extraiam do pericarpo do seu fruto um fécula, hoje quase completamente desconhecida - o satim, uma farinha usada no feitio do mingau. Até hoje ao comércio da piaçava continua na região de Valença dando sustento a muitas famílias locais (de caráter extrativo).
Outra atividade de grande importância para a economia da época foi a extração do dendezeiro, essa palmeira africana que foi introduzida aqui pelos conquistadores europeus, que ficou tão associada a nossa cultura, que até hoje é símbolo importante para a cultura baiana e para a economia local. A economia também passeou pelos caminhos da atividade pesqueira, que alimentava a população local, além do manuseio de mariscos que contribui para um importante ciclo da economia nas emergentes comunidades da então capitania de Ilhéus.



DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO




De igual forma cabe destacar a construção do atracadouro local que na época colonial tornou-se uma espécie de porto livre, lugar onde grande parte dos navios procedentes do Reino e de Angola, bem como os de cabotagem, antes de entrarem na Baía de Todos os Santos ali paravam e faziam negócios clandestinos, vendendo artigos da carga que transportavam e de uma forma indireta contribuíam para o processo econômico regional. Como um dos últimos ciclos agrícolas importantes da região, uma especiaria que, até época recente embriagava todos os passantes da vila de Valença: o perfumedo cravo da índia. Mas vale ressaltar que em qualquer pesquisa sobre a economia de Valença, esbarramos sempre em uma sucessão de ciclos regionais. Em pleno Século XXI a cidade de Valença tem como uma das principais base econômica a agrícola, com cultivos de especiarias como: guaraná, cravo da índia, pimenta do reino e pimenta jamaica, além das culturas permanentes como: cacau, coco, piaçava e dendê, que mais tarde influenciou a denominação da região em Costa do Dendê.
Uma atividade econômica, porem, mais que quaisquer outras, merece destaque na vida de Valença, a construção naval. Fruto do engenho de artesãos habilidosos, cuja técnica centenária e secular, está na base da gigantesca empresa colonizadora, que construíam navios para o reino a fim de alimentar os trajetos fluviais do comércio. Essa prática infelizmente atualmente está quase desaparecendo, seja por falta de matéria-prima ou por mão-de-obra interessada.
Alguns pontos fortes da economia de Valença da colônia até agora é a construção do povoado de Una (atual Valença) que se desenvolveu rapidamente por causa do extrativismo da madeira na região para construção naval e de alguns produtos de pesca que atraiu muitas pessoas para região. Em 1770 o povoado de Una, crescia também por causa do comércio de arroz, mandioca e madeira e um intenso tráfico de escravos. Com esse repentino desenvolvimento as autoridades da época construíram estradas e ampliou o comércio para o escoamento da produção. Outro ponto importante foi surgimento de novas vilas a partir da região de Valença por causa do forte comércio.

O NOVO PROGRESSO







Em 1844 foi construída em Valença a primeira fábrica de tecidos finos do Brasil movida a energia hidráulica e consequentemente a vila dos operários, denominada atualmente como bairro da Vila Operária, que atraiu muita mão de obra e desenvolvimento para a região, nesse ínterim Valença também foi visitada pelo então imperador D. Pedro II em 1888. Valença possuía boas praças, ruas calçadas, hotéis, bons sobrados, comercio ativo, iluminação elétrica, duas fábricas de tecidos movidas a vapor, bonde e troles entre as duas fábricas, quatro olarias, dois estaleiros onde se construíam embarcações de grande calado, 4 chafarizes e encanamento de água potável.











REFERÊNCIA

GALVÃO, Araken Vaz. Valença: Memória de uma cidade. Valença - Ba: 1999.

OLIVEIRA, Edgard Otacílio da Silva. Valença: dos primórdios à contemporaneidade. Valença - Ba: 2009.